FUJIFILM GFX ETERNA - A introdução do médio formato e o que isso pode representar para o cinema português.
Nos últimos anos, a evolução tecnológica no cinema trouxe uma diversidade de sensores que moldam a estética visual das produções. Desde os sensores Super 35 das ARRI ALEXA e Blackmagic URSA, aos Full Frame da Sony VENICE e RED V-RAPTOR, até os impressionantes 65 mm da ARRI ALEXA 65, cada formato oferece características únicas, influenciando alcance dinâmico, resolução e profundidade de campo.
Agora, com a introdução da Fujifilm GFX ETERNA, equipada com um sensor médio formato (43.8 x 32.9 mm), surge uma nova oportunidade: combinar qualidade cinematográfica de alto nível com custos mais acessíveis. Este formato, maior que o Full Frame e mais próximo dos sensores de 65 mm, promete revolucionar a produção cinematográfica em mercados com recursos limitados, como o português.
Será que esta tecnologia pode ajudar os cineastas portugueses a superar os desafios da falta de meios e a elevar a sua criatividade?
O Press Release da Fujifilm Global aqui
A escolha do sensor é uma das decisões mais importantes na produção cinematográfica, pois define a estética da imagem, o alcance dinâmico e a profundidade de campo. Com a Fujifilm GFX ETERNA, a conversa sobre sensores ganha uma nova dimensão.
Full Frame 35mm
Os sensores Full Frame (36 x 24 mm) dominam a cinematografia moderna devido ao equilíbrio entre custo e qualidade. Presentes em câmaras como a Sony VENICE 2 e a RED V-RAPTOR, oferecem:
- Alcance dinâmico sólido, mas inferior a sensores maiores.
- Profundidade de campo reduzida, permitindo separar o sujeito do fundo.
- Versatilidade para gravações em várias condições de luz.
Apesar disso, o Full Frame pode não atingir o mesmo nível de detalhe e "textura" cinematográfica que sensores maiores, especialmente em projetos de alto impacto visual.
Médio Formato (Fujifilm GFX)
O sensor médio formato da Fujifilm GFX (43.8 x 32.9 mm) é 70% maior que o Full Frame, oferecendo:
- Resolução incrível, com mais detalhes e fidelidade de cor.
- Alcance dinâmico ampliado, ideal para cenas com contrastes extremos.
- Transição de foco suave, criando um look natural e envolvente.
- Estética cinematográfica única, reminescente dos sensores de 65 mm usados em grandes produções.
Embora não atinja as dimensões dos sensores 65 mm da ARRI ALEXA 65 (54.12 x 25.59 mm), o médio formato posiciona-se como uma alternativa viável para cineastas independentes que desejam resultados de alto nível.
Comparação Prática
- Super 35 (ex.: ARRI ALEXA 35): Tradicional e eficiente, mas limitado em alcance dinâmico e resolução.
- Full Frame (ex.: Sony VENICE, RED): Versátil, com excelente equilíbrio custo-benefício.
- Médio Formato (Fujifilm GFX): Qualidade superior, acessível a novos orçamentos.
- Large Format 65 mm (ex.: ARRI ALEXA 65): Padrão de excelência em grandes produções, mas com custos proibitivos.
Porque importa esta tecnologia?
O médio formato democratiza o acesso a ferramentas de alta qualidade visual. No contexto do cinema português, onde os orçamentos são reduzidos, esta tecnologia abre novas possibilidades para criar narrativas com impacto visual equivalente a grandes produções internacionais, sem os custos associados a sensores de 65 mm.
Tabela Comparativa de Sensores
|Tipo de Sensor |Dimensão (mm) |Alcance Dinâmico|Profundidade de Campo | Resolução e Detalhe| Custo | Exemplo de Câmaras |
|Super 35 | ~24.89 x 18.66| Moderado | Maior | Boa, mas limitada | Acessível | ARRI ALEXA 35, Blackmagic URSA Mini Pro |
|Full Frame 35mm | 36 x 24 | Alto | Reduzida | Excelente | Moderado | Sony VENICE, RED V-RAPTOR |
|Médio Formato | 43.8 x 32.9 | Muito Alto | Muito Reduzida | Superior | Moderado/Alto | Fujifilm GFX ETERNA |
|Grande Formato 65mm | 54.12 x 25.59 | Excepcional | Extremamente Reduzida | Incomparável | Muito Alto | ARRI ALEXA 65 |
Interpretação dos Dados
- Dimensão do Sensor: Sensores maiores capturam mais luz e oferecem maior alcance dinâmico, resultando em imagens com mais detalhes em áreas de sombra e altas luzes.
- Profundidade de Campo: Sensores maiores criam planos mais desfocados, destacando o sujeito e aumentando a estética cinematográfica.
- Custo e Acessibilidade: Apesar da qualidade incrível dos sensores de 65 mm, o custo é proibitivo para produções independentes. O médio formato da Fujifilm GFX é uma alternativa que equilibra qualidade e acessibilidade.
Na direção de fotografia, há três características fundamentais que os profissionais procuram: alcance dinâmico (dynamic range), textura e peso — o peso físico da câmara. Um equipamento mais leve permite maior mobilidade, setups mais simples e a possibilidade de filmar em locais desafiantes sem comprometer a qualidade da produção. Tal como se verifica, por exemplo, com o lançamento da ARRI 265 que se revela mais compacta e leve.
Impacto para o Cinema Português
A indústria cinematográfica portuguesa é marcada pela criatividade e resiliência, mas frequentemente limitada por orçamentos reduzidos e recursos técnicos. Neste contexto, a Fujifilm GFX ETERNA apresenta-se como uma solução inovadora, capaz de elevar a qualidade visual das produções sem os custos associados a equipamentos topo de gama.
Acessibilidade e Qualidade
Tradicionalmente, a qualidade de imagem que se associa a sensores de grande formato estava reservada a produções internacionais com orçamentos milionários. A GFX ETERNA pode quebrar esta barreira, proporcionando:
- Imagens de qualidade comparável às de sensores 65 mm, a uma fração do custo.
- Design leve e portátil, facilitando a logística em produções de pequena escala.
- Maior alcance dinâmico, ideal para filmagens em exteriores e locais de alto contraste, muito comuns no cinema português.
Revolução para Cineastas Independentes e Diretores de Fotografia com orçamentos reduzidos esta tecnologia pode marcar a diferença entre uma produção limitada e uma obra visualmente impactante. A possibilidade de obter texturas ricas e cinematográficas sem comprometer o orçamento incentiva a experimentação artística e abre portas para competir em festivais internacionais com narrativas locais que cativam audiências globais.
Mais do que uma inovação tecnológica, a GFX ETERNA é uma oportunidade para democratizar a produção cinematográfica, permitindo que histórias locais ganhem o impacto visual necessário para competir num panorama global. Com este avanço, o cinema português pode dar um passo em direção a um futuro onde a criatividade não seja limitada pela falta de meios, mas impulsionada por ferramentas que traduzem o talento em obras de arte. Resta esperar por valores e os primeiros modelos para testar este equipamento.
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